sexta-feira, 8 de maio de 2015

Quais são as semelhanças entre uma cerveja e um operador do Direito?

E se cada um de nós, operadores do Direito, pudesse escolher uma cerveja que se encaixe perfeitamente às nossas características profissionais? Isso é loucura? Pois não acho.
Cada cerveja, com seu estilo, possui características que a definem. Me arrisco a dizer, inclusive, que cada uma delas possui uma personalidade própria. Algumas são tímidas, outras atraentes, umas são marcantes, e têm também aquelas que são difíceis de engolir….
E, se é possível definir a personalidade de cada cerveja, tarefa não menos difícil é definir os traços em comum da personalidade de alguns dos principais cargos da nossa área do direito. Fato é que podemos nunca atingir os mais altos cargos, mas que podemos beber como eles, podemos.
Vejam só.
Advogado é aquele profissional sempre ativo, em que confiamos para resolver nossos problemas. Ele nos ouve, nos atende, e está sempre disposto a lutar pelos nossos interesses. Com seu jogo de cintura, busca agradar a todos, é flexível e está sempre pronto a se adequar às situações do dia a dia.
Já ouviram falar da cerveja Vedett? E da Hoegaarden? São cervejas do estilo Witbier, ou simplesmente cervejas de trigo belga. Assim como os advogados, esta cerveja foi feita para resolver seus problemas. Quer fazer um jantar mais sofisticado, harmonizando seu prato com sua cerveja? A Witbier agrada a todos os paladares, e harmoniza com quase tudo.  Ela vai muito bem em um dia de calor, mas também será bem agradável nos dias frios. Por ser tão flexível, é uma cerveja para se tomar na praia, no bar, em casa. É tão parecida com a figura do advogado que até mesmo no meio da noite ela estará ali para te agradar e servir.
O professor de direito é o responsável por nos auxiliar na transição entre o que pensamos que sabemos, e o que de fato está certo e errado. É aquele que nos ensina, que nos inspira, e nos leva ao caminho dos verdadeiros e necessários conhecimentos. Sua cabeça e seus interesses mudam após algumas belas aulas, não?
Agora, imaginem uma cerveja do tipo Weiss, mais conhecida como cerveja de trigo alemã. As famosas Paulaner e Erdinger são suas representantes mais badaladas. No meio cervejeiro elas são conhecidas por serem a porta de entrada de um novo mundo de conhecimento e agradáveis sabores. Quase todos os novos aficionados por cervejas artesanais são iniciados pela cerveja Weiss. Ela nos inspira a pedir a próxima cerveja “diferente”, aguça nossa curiosidade. Logo, são elas que nos ensinam o que de fato é certo e errado. Alguma semelhança?
Ao meu ver, o Juiz é um dos mais respeitados e admirados cargos entre os operadores do Direito. Não para menos, dado que são anos de preparação e estudo até a conquista do objetivo. Sujeito austero, de personalidade forte e sua presença é facilmente notada em qualquer evento ou situação. E, claro, são aqueles que nos julgam.
E se houvesse uma cerveja que está “acima do bem e do mal”? Conheçam, então, a cerveja Deus! Isso mesmo, Deus! Esta é uma cerveja do estilo Bierre de Brut, muita parecida com uma Champagne, até mesmo por ser produzida através dos mesmos métodos da bebida francesa. É uma cerveja imponente, forte, que passa anos fermentando e se preparando para ser um dos pontos principais de qualquer evento. Muito admirada no mundo cervejeiro, poucos são aqueles que têm o prazer de apreciá-la. O nome da cerveja é mera coincidência, viu, pessoal…
Já o estagiário é o “pau pra toda obra”. Não tem tempo ruim. Ele deve estar preparado para passar o dia todo fazendo uma peça nova que mandaram ele redigir e estudar, para uma corridinha rápida no fórum tirar algumas cópias ou resolver algum problema mais urgente. Detesta receber ordens, mas as cumpre com sorriso no rosto.
A Heineken é a cerveja ideal para definir esta singular peça do Direito. Por quê? Essa cerveja, assim como um bom estagiário, é, por muitas vezes, subestimada ou criticada, sem que todos percebam seu verdadeiro valor e sua incomparável versatilidade para todas as ocasiões. Pronta para te acompanhar ao longo de um dia todo de calor e também pronta apenas para um gole rápido e refrescante. Mas vai um alerta: tanto um quanto o outro, quando exageram dão uma baita dor de cabeça!
Uma das figuras mais temidas e rígidas do nosso meio é o promotor. Ele está ali para defender o interesse público, e o faz com unhas e dentes. Sérios, implacáveis; com eles não têm perdão. Há quem diga, inclusive, que no juramento da posse deve haver alguma passagem dizendo: “Não sorrirás”.
A cerveja típica desse profissional é a Baden Baden Stout. Stouts são cervejas pretas, densas e complexas, carregadas de aromas e sabores torrados, fortes e que marcam sua presença aonde quer que estejam. Nunca espere um “agrado” de um copo de Stout.
Para encerrar, o defensor público. Eterno “adversário” dos promotores, com uma postura também diversa; mais aberta, mais divertida e leve. Recebe todos, sem qualquer distinção – até por ser sua função, seu “munus publico”.
O defensor público me lembra a famosa Colorado Appia. É uma representante das cervejas claras, leves, com um toque de mel bem perceptível, que atende a todos os paladares. É divertida, recepciona a todos, e está preparada para contrapor cervejas fortes, como a Stout. Interessante, né?
Claramente as cervejas possuem personalidades próprias e diversas entre seus tipos. E, claramente, os operadores do Direito possuem personalidades próprias e diversas entre si, entre seus cargos.
Agora, lanço o desafio: o que é mais fácil, achar afinidades entre os tipos de cervejas e os cargos no Direito, ou entre duas pessoas de cargos diferentes?
Para mim, a primeira opção é a mais fácil.

sábado, 11 de abril de 2015

Nós, juristas, amadurecemos conforme a cerveja que bebemos

Ae galera, segue texto publicado no site justificando.com, onde eu faço uma pequena comparação da evolução de nossas carreiras, e a cerveja que sempre nos acompanha!

Espero que gostem!

"Então, de repente, você foi aprovado na faculdade. Parabéns, agora seu sonho de ser advogado, juiz, promotor, vai se realizar! Vamos logo para o sinal arrecadar dinheiro para o bixo! Quanto mais dinheiro, mais “breja”. Qual? A mais barata, não importa, hoje o negócio é festejar e ficar bêbado!
Acho que você se lembra desse dia, enquanto lê esse texto com a gravata afrouxada, ou com pé dolorido, livre do salto, que te aporrinhou o dia inteiro. No entanto, será que você se lembra da cerveja que bebeu? Duvido. Talvez hoje, você sequer se lembre mais da marca, agora na advocacia ou concursado, ou até esteja no período de transição e esteja abandonando-a lentamente. Enfim, a cerveja pode ser um bom termômetro da vida acadêmica.
Voltemos. Logo no primeiro ou segundo ano, em meio a montanha de trabalhos acadêmicos, introduções à ciência do direito, conseguimos nosso primeiro estágio, e com ele, nosso primeiro salário, conquistado depois de rodar todos os fóruns do Estado, tirar fotos de processos inacabáveis. Nessa hora, nosso dinheiro é curto, logo escolhemos aquele boteco de esquina, sem mesa e sem cadeira, mas que atende a todas nossas vontades: música, galera, agitação e, claro, “breja” barata e gelada! “Chama a Itaipava, litrão”.
Depois da correria e muita “breja” barata, lá pelo nosso terceiro ou quarto ano, a situação já muda – agora somos estagiários “quase” internos, fazemos petições de juntada e de substabelecimento, temos carterinha da OAB e, lógico, nosso salário deu um merecido ganho.
No entanto, não se sabe o porquê, a vontade de tomar aquela “breja” barata não passou. Talvez uma das mudanças seja que ficar bêbado, nessa etapa, normalmente vale para os finais de semanas. Somos mais responsáveis (cansados, na verdade). Gradativamente, passamos a nos aproximar mais da faculdade, o bar é um pouco mais caro. A cerveja agora é de 600 ml, porque o litrão esquenta muito rápido, e a disputa fica entre os que gostam de Brahma e os que gostam de Skol. Mas, “pede qualquer uma delas, ‘breja’ é tudo igual” (Eu sei que você, cervejeiro ou cervejeira, quase enfartou com essa frase, mas se acalme).
Ah, agora somos veteranos! No escritório já não batemos mais perna, nossa vaidade é engrandecida, quando somos até “chefe” de outro(a) pobre estagiário(a). Nem tudo são flores, porém: tem a prova da OAB, entrega de TCC, efetivação no emprego. Sim, é um ano difícil. Pra tentarmos relaxar um pouco, a combinação amigos, bar e “breja” é infalível, não é? Atravessamos a rua, vamos para aquele bar com mais mesas e cadeiras, garçons mais bem vestidos. “Zé, traz uma Original! Se não tiver gelada, pode ser uma Serramalte! Só não traz a Heineken, é muito amarga”. Processo de gourmetização quase concluído. Nossos queridos vencimentos já nos permitem a extravagância de jantarmos no bar, e de escolhermos cervejas mais renomadas, afinal “cerveja não é tudo igual, não” (viu? Falei para você se acalmar).
A formatura chegou, com ela veio a aprovação na OAB (ufa!) e a efetivação no escritório. Somos advogados! Achamos que sabemos tudo sobre leis, parentes nos ligam todos os dias para resolvermos os problemas da família, somos o orgulho da casa. Fazemos nossas primeiras defesas, recursos e audiências. Glória! Comemoremos.
Claro que agora não com a mesma frequência, mas ainda assim vamos para o bar. Nesse momento, temos uma das conquistas mais aguardadas, já podemos entrar naquele bar estilo pub próximo da faculdade, que sonhamos durante cinco anos, só que não tínhamos condições de bancar. Coisa fina, quase todos tomando Heineken. “Ah, vou experimentar”. “Poxa é boa, mais amarga, mas é boa”.
Nos primeiros anos de formado recebemos alguns aumentos, primeiros casos com mínimas porcentagens de participações, mas, agora, o bar não muda. Afinal, ficar de pé na muvuca, já não nos agrada mais. Então, aquele pub vira nossa segunda casa. Conhecemos todos os garçons pelo nome, dominamos o cardápio, e agora sentamos entre amigos para falar do trabalho e pensar em negócios. Ai vem o garçom e nos oferece nossa primeira “breja” de trigo, e serve a garrafa toda num único copo, com aquela viradinha no final, para aumentar a espuma. Nesse momento, nossa vida muda! “Caraca, a “breja” tem aroma e gosto de canela e banana!”. Na verdade, a “breja” finalmente se torna cerveja…
Nas próximas vezes, o mesmo garçom, que já percebeu ter apresentado o fascinante mundo cervejeiro a mais um consumidor, chega e nos oferece uma cerveja nova. Uma cerveja escura, com a espuma que mais parece uma cascata, com aroma de café, e paladar mais seco. Pronto, agora nos conhecemos a famosa Guiness, e intrigados perguntamos ao garçom que tipo de cerveja ela é: “Uma Stout, boa não? Depois dessa vou trazer outra pra você experimentar, uma IPA”. O que diabos seria uma IPA? Com o celular, fazemos uma pesquisa rápida, e descobrimos se tratar de uma Índia Pale Ale. Nisso, a cerveja já está na sua mesa, com uma intrigante cor acobreada, espuma espessa, e o aroma cítrico e chamativo. Tomamos sem preocupações, afinal dinheiro não é mais um grande problema, já somos associados com participação fixa no escritório.
Noutro dia, sentamos no nosso bar favorito, e nem pensamos duas vezes. “Me vê uma IPA”. Na hora o garçom responde: “Na garrafa ou em Chopp”. E ai você percebe que seu conhecimento de cerveja precisa ser aprimorado. “Tem diferença entre a cerveja na garrafa e cerveja em chopp?”. “Claro, uma é pasteurizada, outra não”. Mais uma pesquisa rápida e descobrimos que cerveja em garrafa, na maioria das vezes, passa por processos físicos que eliminam qualquer tipo de microrganismos, e que o chopp, sem esses procedimentos, ainda conserva alguns microrganismos, chamados leveduras, que continuam agindo na cerveja, modificando seu sabor, mesmo já no barril. Nessas horas nossos processos criminais e previdenciários já perdem um pouco da graça, não é não?
Agora, já não tem mais volta. Terminamos a faculdade de direito, temos emprego, estamos crescendo em nossas carreiras, e descobrimos o mundo fascinante e complexo das cervejas. Nosso paladar pede pelas cervejas artesanais. Somos tão interessados, que já sabemos que existe uma Lei, n.º 8.918/94, que regulamenta a produção e a venda de cerveja no Brasil. Fazemos cursos online sobre como produzir cerveja, como analisar aroma e sabor da cerveja. Ensinamos amigos, brincamos de harmonizar os diferentes estilos de cerveja com comida, e, sem notarmos, temos um novo passatempo, que, como dito acima, nos faz afrouxar a gravata, libertar-se dos saltos, e curtir a vida.
Para falar a verdade, a cerveja sempre nos foi companheira, fazendo-nos lembrar e esquecer de muitos dos melhores momentos de nossa jornada jurídica. Só que agora sabemos: beba menos, beba melhor!"
Rui Cerri Maio Filho é servidor público federal, sommelier de cervejas e fundador do blog http://respostaecerveja.blogspot.com.br/

sábado, 17 de janeiro de 2015

De Struisse Brouwers

Mais uma boa descoberta em Brugges, é a Cervejaria De Struisse Brouwers. http://struise.com/

Na verdade, a cervejaria é afastada da cidade, sendo que a visitação deve ser agendada, é ocorre apenas aos sábados. Pra quem tiver interesse, o endereço da fábrica é o seguinte: Kasteelstraat 50 
8640 Oostvleteren 
Mas, diferente do azar que dei de não poder ir visitar o mosteiro da Westeveleteren, tive muita sorte ao visitar a pequena loja da De Struisse no centro de Brugges.

Lá conheci  o Sr. David Rogiers, que é um dos donos da cervejaria. Fui apenas para comprar uma das cervejas e trazer ao Brasil,  mas acabei passando a tarde toda na loja, tomando várias das cervejas, e degustando as três cervejas on tap que estavam à disposição.

A cervejaria é daquelas ainda bem caseiras, com produção pequena, e com várias cervejas sazonais. Produzem desde Wittibier, até Stouts. Passam, inclusive, por diversos estilos envelhecidos em barris de wisky e vinho. Inclusive, uma de suas sazonais, a Black Damnation, pode chegar há 39% de álcool.

O Sr. David Rogiers, inclusive, é um colecionador de cervejas, com mais de 10.000 rótulos em casa. Bom sabedor de cerveja, não? Todo ano ele faz um festival na própria casa, que dura 15 dias, aonde ele vende suas cervejas, e da algumas palestras sobre a produção cervejeira.

As cervejas que tomei, foram as seguintes,i) A Tjesse Reserva, Belgian Strong Dark Ale; ii) Pannepot, outra Belgian Strong Dark Ale; iii) Cuveé Delphine, uma American Imperial Stout,; iv) Back Albert, uma Russian Imperial Stout; v) Ignis e Flamma, uma Belgian IPA; vi) Struisse Witt, uma Wittibier; vii) Danko Power, American Pale Ale e; viii) Struisse Tsjeeses Reserva BBA, uma belgian Strong Pale Ale, envelhecida em barril de bourbon.
Sim, foram todas essas. O mais interessante é que quase nenhuma delas segue à risca seu estilo. Fruto das varias experimentações que são feitas na cervejaria.

A mais impressionante delas foi com a Black Albert. No primeiro gole já fiquei intrigado, pois por se tratar de uma RIS, o que eu esperava era um forte teor alcoólico, com destaque para o aroma e o sabor de café. Mas, nada disso. O grande destaque foi o aroma e sabor de cervejas com fermentação espontânea.

Sim, aroma forte, animalesco, ácido. Ao perguntar ao Sr. David Rogiers o porque do aroma, ele disse bem calmamente: "não era o que esperávamos, algo deu errado, mas está uma delícia, não? Resolvemos engarrafar"

Há algo de mais artesanal que isso? Acho difícil!
Algumas dessas cervejas são vendidas no Brasil, mas apenas nos locais especializados, e já vi que o preço é um pouco salgado. Mas, aceita a dica? Vale cada centavo!!


 




 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

De Halve Maan


Chegou a vez da cervejaria De Halve Maan, que é a mais antiga cervejaria ainda em funcionamento na cidade de Brugges.



Seu endereço é Walplein 26, 8000, Brugge. Está em uma das dantas ruelas escondidas de Brugges.

O passeio pode ser feito em Frances, Alemão ou Inglês, funciona todos os dias, menos em feriados nacionais. São cobrados 7¢, com direito a um copo de cerveja ao término.












A De Halve Maan é uma das maiores exportadoras da região dos Flandres, possuindo rótulos conhecidos no mundo todo, inclusive no Brasil. Seu principal rótulo é a a Brugse Zot, uma Belgian Pale Ale, boa, mas já afetada pela grande margem de produção.

Além dessa, ainda possuem uma versão Dubbel, uma Bock, sendo seus dois principais rótulos, uma Tripel e uma Belgian Dark Strong Pale Ale, Straffe Hendrik Brugs 9º e Straffe Hendrik Brugs 11º,respectivamente.









Logo na entrada, é possível perceber que a cervejaria é marcada por um contraste nítido entre o passado e o futuro. No térreo estão os tanques de mosturação das cervejas, e conforme a produção vai sendo realizada, ela vai, literalmente, subindo de andar. 

Nos andares acima estão os tanques de fermentação, os filtradores, e os de maturação. Cada um em seu respectivo andar. Justamente por isso que um dos pontos mais interessantes da visitação é a vista que temos de Brugges direto do telhado da cervejaria.





A cervejaria possui cerca de 75 empregados, sendo apenas 4 deles mestre cervejeiros. O mais velho é o herdeiro da cervejaria, com 89 anos. Ele, segundo nossa guia, é o responsável por ainda terem sido mantidos muitos dos hábitos e maquinários do passado.




Contudo, a cervejaria já fabrica mais de 70% de sua cerveja fora da cidade de Brugges, em uma moderna fábrica, automatizada. Esta nova cervejaria fica acerca de 70 km de Brugges e, acreditem, eles acabaram de receber autorização do governo Belga para construírem um duto terreste entre as duas cervejarias, para que todo o produto da mosturação das suas cervejas possa ir diretamente para a nova fábrica, otimizando o transporte, que hoje ainda é feita através de caminhões.




Lá aprendi também de a região de Brugges não tem um ar adequado para a produção de cervejas de fermentação espontânea, sendo a melhor área para a produção desses estilos a região de Bruxelas, como já havia visto na visitação da Cantillon.


Mais uma ótima dica e passeio. Tanto para os entendidos da cerveja, como para os entusiastas, como para quem quer ter uma vista incrível da cidade com um bom copo de cerveja gelado ao final.










domingo, 21 de dezembro de 2014

Cantillon

Já ouviu falar em cervejas Lambic? Talvez, cervejas de fermentação espontânea? Tá difícil? E cervejas que você tomou e achou que estavam azedas ou estragadas? Tudo muito louco né?

Então, vamos falar um pouco da cervejaria Cantillon, uma das poucas cervejarias que se manteve aberta mesmo nos período das Grandes Guerras.


Inclusive, ainda é uma cervejaria familiar, com a administração e a receita da cerveja passada de geração em geração.

A cervejaria é tão diferente do que estou acostumado, que assim que cheguei na fábrica fiquei sabendo que o tour é feito sozinho, sem ninguém acompanhando. Bom e ruim, claro. 

Ruim porque só temos uma simples explicação da fabricação da cerveja no início, por um dos herdeiros e donos. Bom porque ficamos totalmente livres para andar, tirar foto.

E, a primeira coisa bem impressionante, mas que reflete toda a forma de produção das cervejas da Cantillon, do estilo Lambic e Gueuze, é a "falta" de preocupação com os padrões de limpeza como ocorre nas grandes cervejarias.

A parte mais interessante do passeio, claro, são os aspectos da fermentação, que é considerada espontânea porque as leveduras são selvagens, ou seja, são aquelas presentes no ar. É, isso mesmo!







Tanto é verdade que o local em que a cerveja fermenta, as janelas são completamente abertas, justamente para que as leveduras selvagens façam seu trabalho. A grande maioria delas são chamadas de Bretanomicias, e além delas estão presentes algumas bactérias lácticas. Já houve registro de cervejas com 82 tipos de leveduras selvagens.   







Depois de todo o tour, ainda temos dois copos para degustar. 

O primeiro, com uma autêntica Lambic, que é refermentada em barril por um ano, no minimo.

Depois, uma Gueuze, que é refermentada mais tempo no barril. E,só na prática pra perceber de fato que Lambic não tem carbonatação alguma, já a Gueuze é bem carbonatada e com espuma.




É um baita passeio. Muito diferente, no mínimo. Cervejaria está em Bruxelas, na Rua Gueude 56, n.º 1070. São 7¢ o tour.




quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Delirium Village

Sim, farei um post específico só para a Vila da Delirium onde, entre outros bares, encontra-se o Delirium Café Pub.


O Pub fica próximo da praça central, em uma ruelinha sem saída - Impasse de la Fidélité, 4a, 1000, Brussels, Na primeira é difícil de achar, na segunda, e só seguir todos os jovens da cidade......

Desde já confesso que fui em outros bares melhores em Bruxelas (que será tratado em outro post, é que ainda não fui a todos os programados), pelo menos no quesito serviço da cerveja e de tranquilidade.

Mas, lógico, quem vai ao Delirium Café não espera tranquilidade, ao contrário, busca um bom agito e muitas pessoas. Muitas....



Fui duas vezes ao bar, uma no sábado, e outra na terça. No sábado era quase impossível andar, na terça encontrei um grupo de brasileiros, e até ficamos em mesa. Depois que eles foram embora, fui estudar um pouco mais no balcão do bar mesmo.

Bom, tirando a história de lado, vamos aos fatos interessantes,


O Delirium Café Bruxelas entrou para o Guinnes Book em 2004 por se o pub com a maior variedade de cerveja do mundo. À época, tinham mais de 2200 rótulos diferentes.


Dez anos passados, ainda mantém o título, e agora possuem uma carta de cerveja com mais de 4100 rótulos. É a biblioteca do sonhos.... Pelo menos pra mim.

O menu de cervejas é, de fato, uma enciclopédia do assunto. E, não apenas citam a cerveja, mas possuem foto, características, estilo de todos os exemplares. E o melhor, pode-se comprar o menu por 5¢!!!!! O meu já ta garantido.

O serviço, como disse acima, não é dos mais corretos. Mas, seria impossível com o volume de pedidos de cerveja, e a loucura dos 3 bares existentes, um em cada andar do Pub. Agora, todos os atendentes que tive oportunidade de falar rapidamente entendem de cerveja.

Inclusive, muitas das cervejas que bebi por lá foram indicação deles, toda vez que eu pedia "a melhor do estilo tal...." E, todas as vezes, eram boas cervejas, e do estilo que pedi.

Eles possuem por volta de 50 cervejas na pressão, ou seja, servidas como Chopp. Os preços são acessíveis, só que um pouco mais inflacionado do que nos outros bares. Típico de um lugar turístico.

O Pub está aberto todos os dias, das 10 manha, até as 4 da madruga!

Bacana que em frente ao Delirium Café está o Pub Floris, que também é um bar temático de uma marca de cerveja. Voces ja devem ter visto, é aquela que tem uma fada como símbolo. E porque da fada?? Por que o bar é muito conhecido por vender o melhor absinto da Bélgica!!

Eu não experimentei, mas que eu vi muita gente saindo do Delirium Café já trançando as pernas, e entrando no Floris para um "tira gosto", eu vi....




Pessoal, os posts estão meio lentos, por que quase não paro no albergue. E, em algumas das vezes que paro, acontece de eu ter estudado muito..... então, fica difícil, sabe como é né.......





sábado, 13 de dezembro de 2014

Fullers - UK

A primeira parada da estrada da cerveja foi na Fullers, em Londres!

Hospedei-me no Hostel White Ferry Victoria, próximo da estação Victoria. Em 20 minutos de metro, descendo na estação Turnham Green, mais 5 minutos a pé, chega-se à cervejaria.


O tour inicia-se no bar ao lado de fora da cervejaria. Custa 10£. Vale cada centavo.

A visitação dura em torno de 1:10h e, como diz a guia Sue, muito simpática e atenciosa, "é so para os fortes, já que iremos subir 287 degraus". E, no final da contas, é a mais pura verdade.

A fábrica é gigante, seja na horizontal, seja na vertical. São mais de 5 andares.

No início, Sue nos explicou sobre a história da cervejaria, que ainda é a única fábrica familiar existente em Londres. Além disso, nos ensina sobre a importância dos 4 ingredientes fundamentais da cerveja: a água, o lupulo, o malte e a levedura.

Depois da breve explicação, Sue nos leva para a fábrica com os equipamentos antigos, São mosturadores e fermentadores feitos de barro e de cobre. E, ainda estão na ativa, mas apenas para alguns dos tipos da cerveja da Fullers.


A Fullers utiliza sete tipos diferentes de maltes em suas cervejas, uma delas, inclusive, a London Porter, é blendada com todos eles. Os lúpulos são mais de 18 variedades, e nem todos ingleses, já que alguns dos exemplares da cervejaria são feitos com lúpulos americanos, com seus aromas cítricos.

O tour continua com os equipamentos novos da fábrica. Todos de aço inox. Gigantes caldeiras, fermentadores e a mais avançada tecnologia para aperfeiçoamento sensorial dos rótulos da cervejaria. Inclusive na sala de pesquisas não pude entrar, nem ao menos tirar uma foto.

Nem toda a produção da cervejaria ocorre em Londres. Sue nos disse que a capacidade de produção diária em Londres é de 9000 litros por hora.

Tive uma aula sobre envase, daquelas mais detalhadas possíveis. Segundo nossa guia, as cervejas podem ser envasadas em garrafa, ou armazenadas em barris Kags, ou barris Casks. Por conta do tempo de validade maior, a grande maioria dos rótulos são envasados em barris Kags.

 

Como disse nossa guia, vegetarianos só podem tomar cerveja de garrafa ou em Kags, já que ambas passam por filtração em filtradores microbiológicos. As cervejas em Caks não são filtradas, sendo muito mais frescas e destacáveis sensorialmente. Pude conferir a diferença entre elas.

O tour é finalizado em um mini bar da Fullers, com 7 rótulos para degustação,: Oliver Island e Jack Frost, ambas sazonais, e Chiswick, London Pride HSB, EBS e Honney Due,


Mas, não é uma simples degustação. Ali você pode ficar o tempo que quiser, e beber o quanto quiser de cada um do rótulos, com direito a boas histórias e curiosidades contadas pela guia.

Ficou claro a diferença sensorial existente entre a cerveja "fresca", na Inglaterra, e a cerveja exportada no Brasil. Há de fato uma grande perda das qualidades da cerveja, em especial em seu aroma.

Claro, fui o último a sair do tour. Inclusive, tirei uma foto com a Sue, que é apaixonada pelo Brasil, e torcedora fanática do Totteham!

Antes de ir embora, passei no shop da Fullers e comprei uma English India Pale Ale, chamada Bengal Lancer, que não é facilmente encontrada no Brasil, e um exemplar daqueles para tomar agradecendo aos deuses da cerveja, uma Vintage Ale do ano de 2006, uma Barley Wine, bem alcoólica e licorosa.

Lógico rolou um copo da Fullers também....

Ainda nao provei!! Estou carregando na mochila feito um bebe!

Tour imperdível. Uma aula sobre cerveja, sobre fabricação, e sobre história.